USANDO O MÉTODO CLICKER
Clique e depois premie: o animal logo associará o som a algo agradável
Ao ouvir o clique, o animal precisa ter/criar a expectativa de que algo agradável está por vir.
Para conseguir isso, deve-se antes de mais nada “carregar o clicker”, ou seja, criar uma associação entre o clique e as recompensas preferidas pelo animal.
O ideal é dar, a cada clicada, aquilo que o animal mais queira naquele momento. Aproveite todas as oportunidades para associar o clique a algo prazeroso. Petiscos costumam funcionar bem na maioria dos casos. Repita várias vezes enquanto o animal estiver disposto. “Para uma associação perfeita, esteja com o petisco na mão para recompensar um ou dois segundos depois da clicada”, ensina a zootecnista e adestradora Priscila Lotufo, adepta do Clicker há dois anos. Em outros momentos pode ser melhor fazer a associação com carinho, brinquedos, refeição, água para matar a sede, etc. Por exemplo, clique e sirva a refeição.
Clique e brinque com o animal, e assim por diante. Sempre clique antes e recompense imediatamente depois. Em duas ou três sessões de dez a quinze minutos cada, a associação entre o clicker e as recompensas costuma estar criada.
Para saber se o seu aluno aprendeu, clique quando ele não estiver prestando atenção em você. Se ele olhar excitado ou vier na sua direção, é porque o clicker está “carregado”. Caso contrário, pratique mais.
Se a recompensa for comestível, dê bem pequena para não saciá-lo e a ingestão ser rápida.
INICIANDO O EXERCÍCIO
O objetivo é mostrar ao animal a posição ou o movimento objetivado pelo exercício.
Usa-se apenas motivação, sem puxões de guia nem pressão em partes do corpo ou outras formas de coerção.
Induzir a uma posição ou movimento
O targeting é uma poderosa ferramenta para induzir de forma motivadora, divertida e carinhosa o animal a compreender a posição ou o movimento desejado pelo treinador. O animal deverá encostar o focinho em um alvo (target) e segui-lo quando movimentado. É o chamado ímã de focinho. O target serve também para o animal ir até ele, se colocado a distância.
1 – Para treinar o animal a tocar a mão do treinador com o focinho, inicie mostrando a mão.
Curioso, ele vai encostar o focinho.
2 – Clique e dê o prêmio.
Se ele não a tocar, espere um movimento de aproximação parcial, clique, dê o prêmio e continue o exercício até o focinho encostar na sua mão.
3 – Quando o focinho for encostado sempre que você mostrar a mão, comece a movimentá-la.
Se o animal a seguir, clique e dê o prêmio.
Os petiscos são ímãs de focinho bastante usados, com cuidado para não serem abocanhados. “Deixar comer um petisco inadvertidamente significa dar um ‘prêmio’ indevido e a possibilidade de o treino ficar comprometido”, alerta Gary Wilkes.
“Muitos adestradores de cães usam petisco como ímã de focinho porque facilita o trabalho”, diz Dante Camacho.
Com o ímã de focinho bem fixado pode-se começar a induzir o animal a ficar em posições básicas, sem puxar guias nem pressioná-lo com as mãos.
4 – Para sentar, por exemplo, estimule-o a seguir o alvo com o focinho até que ergua a cabeça.
Quando as pernas traseiras começarem a dobrar, clique e premie.
Depois, clique a cada nova etapa cumprida.
5 – Aprendidas as posições básicas – senta e deita, é possível induzi-lo a posições ou movimentos mais elaborados, como o “rola”, a partir do “deita”, e o “dá a pata”, a partir do “senta”, sem nunca coagi-lo.
Para o “dá a pata”, por exemplo, faça-o sentar e levantar a cabeça, inclinando-a para a esquerda, até a perna direita sair do chão.
Clique e dê o prêmio para que ele entenda que acertou.
6 – Construa os próximos passos avançando gradativamente na direção do objetivo, clicando e premiando a cada acerto.
“É preciso lembrar que parar de receber cliques é a única punição no Clicker; jamais a repreensão”, ressalta Alexandre Rossi.
“Para motivar, além dos cliques pode-se ainda usar o ‘não’ informativo, que estimula o animal a tentar variantes para conseguir clicadas.”
Para o animal ir até um alvo colocado a distância e encostar o focinho – útil para comandos mais sofisticados, como o “vai” – é preciso adotar um objeto target, aproveitável igualmente como ímã de focinho.
Mostre o objeto ao animal, deixe-o cheirar (se preciso, esfregue um pedaço de carne) e, quando ele encostar o focinho, clique e dê o prêmio. Quando o interesse pelo objeto-alvo for grande, movimente-o.
Se o animal segui-lo, clique e dê prêmio (o objeto já é reconhecido como alvo pelo animal).
Caso contrário, reinicie o exercício.
Adotado o objeto-alvo – digamos que foi trabalhada uma antena de carro -, o animal poderá seguir com facilidade um target semelhante – um galho, por exemplo.
“Pela postura do adestrador o animal percebe logo o que é esperado dele, mesmo que mudemos o target”, explica Dante.


MENOS PRÊMIOS
Depois de o animal ter adotado o comando como desencadeador do exercício (e também não mais o executar só por ter sido chamado), é hora de reduzir os prêmios.
Passe a introduzir clicadas sem prêmios, sem adotar uma regra fixa.
Não dê o prêmio sempre na terceira clicada, por exemplo, para evitar que o bom desempenho ocorra exclusivamente no terceiro clique, nem deixe de dá-lo só por estar de short e camiseta, sem bolso para guardar a recompensa, para não causar desobediência quando estiver vestido dessa maneira.
DIMINUINDO OS CLIQUES
A etapa final do ensino de um exercício é a redução dos cliques.
Diminua-os gradativamente, sem fórmulas fixas e mantendo uma freqüência satisfatória, para o interesse continuar elevado.
Em apenas algumas sessões já não será mais preciso clicar para o animal continuar obedecendo.
Um método válido de redução de cliques é ser cada vez mais seletivo, clicando para desempenhos cada vez melhores.
Com o passar do tempo, alguns comportamentos aprendidos pelo animal tendem a passar por variações. Para mantê-los da forma como foram ensinados, o uso do clique se torna uma prática constante.
Sempre que o animal acertar é preciso marcar o fim da execução do comando para ele saber que acertou.
Você pode elogiá-lo – o estímulo positivo é um reforço importante – ou dar um comando diferente, mas só faça isso se ele acertou.
Caso tenha errado, ignore-o por alguns momentos e repita o comando que ele errou ou retorne ao estágio anterior.
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A RECOMPENSA – Por Priscila Lotufo
Para fazer o animal obedecer sempre, inclusive quando você não tem uma recompensa na mão, é importante acostumá-lo a obedecer os comandos com a recompensa escondida.
Surpreender o animal variando a recompensa em quantidade e tipo faz com que ele fique atento e interessado, o que é fundamental para qualquer trabalho baseado em reforço positivo.
Tenha à mão, em cada aula, dois ou três tipos de recompensa.
Podem ser petiscos diferentes ou petiscos e brinquedos.
Certifique-se apenas de que sejam muito atrativos para o animal.
Quando ele concluir uma etapa mais difícil do exercício, aumente a quantidade da recompensa.
Procure terminar a aula enquanto o animal ainda estiver interessado nos prêmios.
Isso o deixará motivado para a próxima.
A expectativa de descobrir se vai haver prêmio e qual será ele faz uma diferença enorme.
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REFORÇOS
Reforço primário (ou incondicional) é qualquer coisa que o animal ache desejável a ponto de se esforçar para conseguir. Pode ser petisco, comida, atenção, carinho, chance de cruzar. E se o animal for sociável – um cão ou gato, por exemplo – a oportunidade de interagir com humanos e animais também é um atrativo importante.
Reforço condicionado (ou secundário) é algo que adquire o valor de um reforço primário por ter sido associado a ele. É o que acontece com o clique depois de se carregar o clicker .
fonte: Revista Cães e Cia]]>
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